Uma análise das pesquisas mais recentes, que será publicada em setembro, na Mayo Clinic Proceedings, descobriu que havia um crescente conjunto de evidências pré-clínicas e clínicas que sugerem que os óleos de CBD podem ser promissores para o tratamento de certas condições, como dor crônica e dependência de opioides. No entanto, poucos estudos clínicos sobre a segurança e eficácia do CBD foram apresentados. Além disso, de acordo com pesquisadores da Mayo Clinic, é necessário realizar mais pesquisas que envolvam seres humanos antes que os profissionais de saúde possam afirmar de forma definitiva que o CBD é útil e seguro.
“Há muitos achados intrigantes em estudos pré-clínicos que sugerem que o CBD e o óleo de cânhamo têm efeitos anti-inflamatórios e podem ser úteis para melhorar o sono e a ansiedade”, disse Brent Bauer, M.D., internista e diretor de pesquisas do programa de Medicina Integrativa da Mayo Clinic. “Porém, os testes em seres humanos ainda são limitados; portanto, é cedo demais para emitir uma opinião definitiva quanto à eficácia e à segurança.”
O Dr. Bauer diz que há motivos para receios devido ao crescente número de relatos de lesão hepática em pacientes que usaram produtos à base de CBD. Devido ao crescente interesse dos pacientes em produtos de CBD e óleo de cânhamo, é importante que as pesquisas clínicas avancem, a fim de entendermos melhor sua segurança e seu valor em potencial, ele explica.
“Uma seleção cuidadosa de um produto de saúde é crucial, e, embora esses produtos não tenham aprovação da Food and Drug Administration (FDA, Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) para uso terapêutico, os pacientes continuam pedindo-os e usando-os. Os médicos precisam informar-se melhor sobre esses produtos, mas também é importante que os testes em humanos examinem questões de eficácia e segurança”.
A legalização da maconha para fins medicinais estimulou um grande interesse dos consumidores em produtos de venda livre à base de CBD e óleo de cânhamo, principalmente para aliviar dores crônicas. A análise da Mayo Clinic Proceedings resume as pesquisas mais recentes, bem como o status legal atual do CBD e dos óleos de cânhamo, e conclui que esses produtos podem ser úteis para tratar dores crônicas e vícios. O principal autor do estudo é Harrison J. VanDolah, estudante do terceiro ano da Faculdade de Medicina da Universidade de Creighton.
Como o CBD tem uma tendência de consumo em alta, os médicos podem facilmente considerá-lo como não comprovado ou não testado. O Dr. Bauer incentiva os profissionais de saúde a aprenderem o máximo possível, adquirirem mais experiência sobre esses produtos e levarem a sério o interesse de seus pacientes.
“Incentivamos os médicos a não ignorarem o interesse de seus pacientes nesses produtos e a manterem uma curiosidade clínica e um ceticismo saudável quanto às alegações feitas”, afirmou. “O tratamento de dores crônicas continua a desafiar médicos e pacientes, e essas terapias constituem uma área promissora que requer mais pesquisas. No caso de pacientes que sofrem de dores crônicas, se os médicos reservarem um tempo para escutá-los e responder às perguntas deles com compaixão e uma abordagem baseada em evidências, isso pode ajudá-los a tomarem decisões fundamentadas.
A variedade de produtos de CBD e óleo de cânhamo, além da regulamentação limitada desses produtos, são um receio dos profissionais de saúde, segundo o estudo. Não foram realizados estudos de segurança rigorosos para o CBD de “espectro completo”, que contém uma variedade de compostos encontrados na planta de cânhamo, não apenas o CBD. A variabilidade das leis estaduais que tratam da produção e distribuição de produtos à base de cânhamo e CBD tornam mais complexa a tomada de decisões por parte dos consumidores e médicos.
Karen Mauck, M.D., coautora e especialista em medicina interna da Mayo Clinic, explica que existem importantes distinções entre maconha, cânhamo e os diferentes componentes do CBD e do óleo de cânhamo, sendo que alguns médicos podem não estar cientes delas.
“Com exceção do Epidiolex, uma forma purificada do CBD derivado de plantas que foi aprovada em 2018 para o tratamento de casos graves de epilepsia, nenhuma outra forma do CBD tem aprovação da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA, mas elas são vendidas em diversas formulações, inclusive óleos orais ou tópicos, cremes, sprays e comprimidos”, afirmou a Dr. Mauck. “Esses produtos contêm quantidades variáveis de CBD, podem incluir outros compostos ativos e podem apresentar imprecisões no rótulo. Antes de utilizar o CBD ou os óleos de cânhamo, é importante consultar um médico sobre os possíveis efeitos colaterais e interações com outros medicamentos”.
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