Especialista explica como melhorar a saúde do coração, mesmo que sua família tenha histórico de doenças cardíacas

ROCHESTER, Minnesota — Não é incomum ter um ou mais membros da família com algum tipo de doença cardíaca. No entanto, algumas pessoas podem nem saber que têm uma doença cardíaca até sofrerem um infarto, um acidente vascular cerebral ou serem diagnosticadas com insuficiência cardíaca. Apesar da prevalência da doença cardíaca, muitas pessoas ainda não têm clareza de como a genética pode impactar a doença cardíaca e, o mais importante, o que elas podem fazer para reduzir esse risco. O Dr. Stephen Kopecky, cardiologista na Mayo Clinic, explica como você pode melhorar a sua saúde cardíaca, mesmo que sua família tenha um histórico de problemas cardiovasculares.

Doença cardíaca é um termo amplo que descreve várias condições que afetam a estrutura e a função do coração. O tipo mais comum de doença cardíaca é a doença arterial coronária — geralmente causada pelo acúmulo de placas dentro e ao redor das paredes das artérias do coração — mas você também pode ter ouvido falar das valvopatias, doença do músculo cardíaco (cardiomiopatia), condições que envolvem o sistema elétrico do coração (arritmias), ou da cardiopatia congênita. Os sintomas exatos dependem do tipo e da gravidade da doença.

Fatores de estilo de vida — incluindo o quanto você se movimenta, o que você come, quão bem você dorme e muito mais — desempenham o papel mais importante na saúde do seu coração, explica o Dr. Kopecky. Mas as circunstâncias que você não pode controlar — ou seja, a sua genética e o seu histórico familiar — também impactam o seu risco de desenvolver uma doença cardíaca.

Acredita-se que a cardiopatia congênita, por exemplo, tende a ocorrer dentro do âmbito familiar — ou seja, a condição pode ser transmitida, também chamada de hereditária, de pai para filho. Outras pesquisas indicam que algumas condições genéticas, como a síndrome de Down e certos tipos de distrofia muscular, podem estar ligadas a condições cardiovasculares.

O histórico familiar também pode influenciar o desenvolvimento de alguma doença cardíaca no decorrer da vida. Embora os números exatos variem, pesquisas indicam, de maneira consistente, que pessoas com um histórico familiar de doença arterial coronária, por exemplo, têm um risco significativamente maior de desenvolver a doença. Da mesma forma, pessoas de famílias com duas ou mais mortes precoces relacionadas ao coração têm três vezes mais chances de desenvolver uma doença cardíaca antes dos 50 anos.

Entender o histórico familiar é uma parte importante do quebra-cabeça, de acordo com o Dr. Kopecky. Mas é igualmente importante não deixar margem para o risco genético se manifestar. A genética é responsável por 20% a 30% do seu risco, diz o Dr. Kopecky. No entanto, hábitos positivos, como exercícios físicos regulares e uma alimentação saudável podem afetar seus genes de forma muito mais significativa.

“Alguns estilos de vida podem ‘desligar’ os genes ruins e ‘ligar’ os genes bons”, explica o Dr. Kopecky. “Vemos pacientes em nossa clínica de prevenção com o colesterol muito elevado e propensos geneticamente. Sabemos que, se eles tiverem um bom estilo de vida, começando cedo na vida, isso reduz o risco de infarto e de acidente vascular cerebral.” Em outras palavras, o Dr. Kopecky diz que os hábitos do dia a dia, ano após ano, que você adota para proteger sua saúde cardíaca são, muitas vezes, muito mais impactantes do que a loteria genética.

Não existe mágica ou uma única rotina que previna doenças cardíacas e suas complicações mais graves, como infarto e acidente vascular cerebral. Até o momento, sabe-se que são as pequenas escolhas constantes que realizamos em todas as áreas da nossa vida que somam de maneira significativa.

“Se você tem fatores de risco genéticos, é ainda mais importante ter um estilo de vida saudável”, explica o Dr. Kopecky. “Eu digo com frequência aos meus pacientes: você tem um novo emprego de meio período chamado ‘sua saúde’.”

Para começar, considere as seguintes estratégias:

  • Incorpore uma variedade de alimentos nutritivos. Ao realizar escolhas para as refeições e lanches, dê preferência a frutas frescas, vegetais, legumes e grãos integrais. Limite o consumo de alimentos excessivamente açucarados, salgados e processados que podem aumentar a pressão arterial e o colesterol.
  • Mexa-se o máximo que puder. Para os adultos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês) recomenda, no mínimo, 150 minutos de atividade moderada por semana. O exercício pode ajudar a diminuir a pressão arterial, reduzir os níveis de colesterol e manter um peso saudável para o coração. Para começar, o Dr. Kopecky recomenda incorporar o máximo de movimento possível no seu dia — e reservar um tempo para treinamento de força leve e exercícios intervalados sempre que puder. Jardinagem, caminhar e subir as escadas também contam!
  • Priorize o sono. O Dr. Kopecky afirma que dormir o suficiente e ter um sono de qualidade é essencial para a saúde do seu coração e para a qualidade de vida em geral. Para garantir que você esteja bem descansado, o Dr. Kopecky recomenda ir para a cama e acordar sempre no mesmo horário. “Não defina um alarme para acordar. Defina um alarme para ir dormir ou se preparar para ir para a cama,” ele acrescenta. “Você não precisa de um alarme para acordar, a menos que esteja viajando. Simplesmente acorde por conta própria.”
  • Pare de fumar e evite ingerir álcool. Infartos são mais comuns em pessoas que fumam. Se você utiliza qualquer tipo de produto derivado do tabaco, parar o quanto antes ajuda a reduzir o seu risco de desenvolver uma doença cardíaca. Da mesma forma, é uma boa ideia limitar o consumo de álcool ou evitá-lo completamente.
  • Conte com a sua equipe de saúde. Se você tem histórico familiar de infarto ou de doença cardíaca — especialmente em parentes de primeiro grau, como pais ou irmãos — ou se tem dúvidas sobre o seu risco, converse com sua equipe de saúde. Sua equipe de cuidados também pode ajudar a determinar o melhor plano para proteger a saúde do seu coração.

Embora possa parecer uma sobrecarga muito grande realizar tantas mudanças, lembre-se de uma coisa: o Dr. Kopecky afirma que nada do que você faz é muito pouco ou tarde demais. Quando se trata da saúde do seu coração, você pode descobrir que o reforço positivo é um motivador muito mais poderoso do que a vergonha ou o medo. Até mesmo as pequenas mudanças podem se acumular e ajudar a proteger a saúde do seu coração, então faça o que puder, com a maior frequência possível, e celebre suas conquistas ao longo do caminho.

Para mais informações sobre a saúde do coração, visite a Mayo Clinic Press e a MayoClinic.org.

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