Encefalite: Especialista da Mayo Clinic explica por que o tratamento precoce é importante

JACKSONVILLE, Flórida — A Encefalite é uma doença que envolve a inflamação ou inchaço do cérebro. Isso pode acontecer devido a infecções ou problemas no sistema imunológico, e o tratamento precoce é importante. É por isso que Sarosh Irani, Bacharel em medicina e cirurgia, neurologista e pesquisador da Mayo Clinic, em Jacksonville, Florida, diz que é essencial aumentar a conscientização.

“Vários médicos, e certamente o público, não estão cientes sobre a encefalite. No entanto, é uma emergência médica, onde sabemos que o tratamento precoce faz uma grande diferença para os nossos pacientes, tanto aqueles com as formas infecciosas da doença — e talvez a mais comum atualmente — quanto os com as formas autoimunes da doença,” aponta o Dr. Irani.

Os dois principais tipos ou divisões da encefalite são os infecciosos e os autoimunes. Em alguns casos, a causa exata da encefalite permanece não identificada.

Fatos importantes que todos devem saber sobre a encefalite infecciosa:

  • Ela é causada por vírus que invadem o cérebro, tais como herpes e enterovírus.
  • Mosquitos e carrapatos também podem transmitir os vírus que podem causar a encefalite.
  • Os sintomas desenvolvem-se rapidamente, ao longo de dias ou de semanas.

A maior parte das pessoas com encefalite infecciosa começa com sintomas como dor de cabeça e febre. Estes sintomas podem evoluir para sintomas mais graves dentro de horas ou dias, como confusão, mudanças de personalidade, convulsões e perda de sensibilidade ou movimento em áreas específicas do corpo.

Informações importantes para se saber sobre a encefalite autoimune:

  • O sistema imunológico ataca equivocadamente o cérebro.
  • Seu alvo são pessoas desde o primeiro ano de vida até o final dos 80 anos, tanto mulheres quanto homens. Algumas formas afetam especialmente jovens ou idosos; homens ou mulheres.
  • Ela pode ser desencadeada por uma infecção em outras partes do corpo (encefalite autoimune pós-infecciosa) ou por um tumor (encefalite autoimune paraneoplásica). Contudo, em cerca de 90% dos casos, a causa não é encontrada.
  • Os sintomas podem desenvolver-se rapidamente, como por encefalite infecciosa, ou mais lentamente durante semanas ou meses, e podem não incluir febre.
  • Esses sintomas da encefalite autoimune podem incluir mudanças na personalidade, perda de memória, problemas de compreensão da realidade (psicose), alucinações (ver ou ouvir coisas que não existem), convulsões e movimentos incomuns.

“A prevenção é um desafio importante”, afirma o Dr. Irani.

“Não temos medidas preventivas consistentes para essas doenças. Apenas algumas causas infecciosas podem ser evitadas com a vacinação. Existem também algumas causas de encefalite infecciosa que podemos prevenir limitando a propagação de pessoa para pessoa ou tentando impedir, por exemplo, vetores como os mosquitos que infectam alguns pacientes. Contudo, para causas autoimunes, não sabemos como prevenir esta doença, isso ainda é uma questão importante para todos os nossos pacientes,” diz ele.

O Dr. Irani lidera uma equipe de pesquisa que estuda doenças neurológicas autoimunes.

“Um dos nossos principais objetivos é descobrir como podemos educar outros neurologistas e médicos em todo o mundo para identificar pacientes precocemente e dar-lhes um tratamento precoce”, diz o Dr. Irani.

Ele afirma que a pesquisa é sobre usar a ciência para criar tratamentos personalizados que fazem a diferença para os pacientes.

“Eu nos vejo como um grupo de pesquisa translacional. Nós encontramos os pacientes, cuidamos deles clinicamente e coletamos amostras destes para entendermos melhor essas doenças,” explica. “Em seguida, comparamos os resultados clínicos com os coletados em nosso laboratório.”

Em relação ao trabalho de laboratório, ele está interessado em aprender mais sobre como essas doenças ocorrem.

“Queremos saber como as células do sistema imunológico que causaram a doença apareceram, como elas se perpetuam, para quais compartimentos corporais vão, em quais partes do corpo residem e, claro, principalmente, como podemos excluí-las com precisão sem dar aos pacientes muitos efeitos colaterais”, aponta Dr. Irani.

“A curto prazo, espero que esta pesquisa ajude os pacientes, dando aos médicos uma melhor compreensão de quando devemos tratar os pacientes, de como devemos identificá-los e quais tratamentos podem ser mais eficazes para cada cenário”, explica.

“A longo prazo, espero que possamos construir uma plataforma pela qual possamos nos questionar sobre cada uma dessas doenças e, como todas são ligeiramente diferentes umas das outras, tentar saber como diferenciá-las. E como podemos oferecer ao paciente certo o tratamento certo no momento certo,” diz o Dr. Irani.

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Sobre a Mayo Clinic

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