Alerta do especialista: saúde e células zumbi durante o envelhecimento

ROCHESTER, Minnesota — Com o avanço da idade, as células podem sofrer envelhecimento, um estado no qual elas param de crescer, mas continuam liberando moléculas inflamatórias e tecido degradado. Quando uma pessoa é jovem, o sistema imune responde e elimina as células senescentes, conhecidas como células zumbis. Porém, as células zumbis permanecem e colaboram com diversos problemas de saúde e doenças relacionados com a idade. Em dois estudos, pesquisadores da Mayo Clinic lançam luzes sobre a biologia do envelhecimento das células.

Em um estudo publicado na revista Aging Cell, pesquisadores da Mayo Clinic analisaram as células zumbi para explicar o envelhecimento no nível celular.

 “Sabemos que as pessoas envelhecem em ritmos diferentes e que a idade cronológica da pessoa nem sempre corresponde à idade biológica”, explica a Dra. Jennifer St. Sauver, autora líder do estudo e diretora científica do programa de bolsas de estudo em ciências da saúde populacional no Centro para Ciência da Prestação de Serviços de Saúde Robert D. e Patricia E. Kern da Mayo Clinic. “Descobrimos que um grupo de proteínas diversas secretadas pelas células zumbi podem servir como biomarcadores de envelhecimento e podem prever os resultados de saúde nos adultos mais idosos. Também descobrimos que medir esses biomarcadores no sangue podem ajudar a prever a mortalidade além da combinação entre idade cronológica, sexo e presença de doenças crônicas na pessoa.”

O estudo incluiu 1.923 adultos com 65 anos de idade ou mais, com um ou nenhum problema de saúde. O grupo incluiu 1.066 mulheres e 857 homens, sendo que 68 por cento dos participantes do estudo não tinham nenhuma doença crônica, e 32 por cento tinham alguma doença.

Os pesquisadores observaram que a maioria das doenças crônicas no grupo eram artrite, colesterol elevado e um histórico de câncer.

Os pesquisadores descobriram que os altos níveis de biomarcadores específicos de envelhecimento, como GDF15, VEGFA, PARC e MMP2, estiveram todos associados com o aumento do risco de morte. Alguns desses biomarcadores estiveram associados com o desenvolvimento de doenças crônicas. Por exemplo, a pesquisa demonstrou que as pessoas com doença cardíaca e alguns tipos de câncer têm níveis elevados de GDF15 e VEGFA. Os estudos em andamento estão investigando como os fatores de estilo de vida, inclusive a dieta, atividade física e medicamentos podem ser úteis para ajudar a limpar as células senescentes e influenciar os níveis circulatórios de biomarcadores.

A descoberta de fenômenos desconhecidos nas células zumbi

O Dr. Joao Passos, pesquisador da Mayo Clinic que também estuda a biologia do envelhecimento, considera que o principal objetivo de seu trabalho é melhorar a vitalidade e a expectativa de saúde, o período de vida livre das consequências de doenças e incapacidades, nas pessoas mais idosas.

Em um novo estudo publicado na revista Nature, ele, juntamente com a Dra. e pesquisadora de pós-doutorado Stella Victorelli e uma ampla equipe interdisciplinar de colaboradores, descobriram um fenômeno até então desconhecido que ocorre nas células zumbi. 

As mitocôndrias, que são as minúsculas usinas de energia dentro das células, são responsáveis não apenas pela produção de energia, mas também desempenham um papel essencial quando uma célula sofre danos excessivos. Elas podem iniciar o mecanismo de autodestruição chamado apoptose que provoca a morte da célula. As células senescentes, que não morrem, são conhecidas por resistirem à apoptose. Esses dois processos, a apoptose e o envelhecimento, costumam ser considerados como estados celulares opostos.  

Entretanto, o Dr. Passos, a Dra. Victorelli e a equipe observaram pequeno grupo de mitocôndrias “maliciosas” que tentaram iniciar a apoptose nas células senescentes. Ao fazer isso, essas mitocôndrias lançam o DNA no citosol, a “sopa” dentro de uma célula. As mitocôndrias já foram bactérias independentes, então a célula entende o DNA mitocondrial como algo estranho, e isso desencadeia uma inflamação que pode danificar os tecidos e provocar doenças.

Além disso, os pesquisadores descobriram que, se esse processo fosse bloqueado em um camundongo com idade equivalente à de um ser humano de 70 anos, eles poderiam reduzir a inflamação do tecido e aumentar significativamente a saúde dele, inclusive melhorando a força, equilíbrio e estrutura óssea.

O Centro para Ciência da Prestação de Serviços de Saúde Robert D. e Patricia E. Kern da Mayo Clinic apoiou o estudo publicado na revista Aging Cell, e o Centro de Envelhecimento Robert e Arlene Kogod da Mayo Clinic apoiou o estudo publicado na revista Nature. Para obter a lista completa de divulgações, autores e financiamento de pesquisa, consulte os estudos. 

Para mais informações sobre os estudos, acesse a revista Discovery’s Edge.

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Sobre a Mayo Clinic
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