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Mayo Clinic oferece nova terapia inovadora para tratar a fibrilação atrial

ROCHESTER, Minnesota — Cardiologistas da Clínica de Ritmo Cardíaco da Mayo Clinic estão utilizando uma nova fonte de energia inovadora para tratar com segurança e sucesso um tipo comum de arritmia cardíaca. A terapia, chamada de ablação por campo pulsado (PFA), recebeu a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) e representa um marco significativo no tratamento da fibrilação atrial (FA).

O ritmo cardíaco irregular e muitas vezes acelerado da FA pode causar coágulos sanguíneos no coração, aumentando o risco de acidente vascular cerebral. Os médicos podem utilizar medicamentos e terapias para ajudar a redefinir o ritmo cardíaco, mas alguns pacientes possuem FA perisistente e que pode piorar. A terapia da ablação foi usada por aproximadamente duas décadas para tratar estes pacientes, mas a ablação por campo pulsado utiliza uma abordagem diferente.

Em vez de aplicar calor ou energia fria como na ablação tradicional, a terapia com cateter para PFA utiliza rajadas curtas de alta energia chamadas de eletroporação irreversível para atingir o tecido cardíaco que causa a fibrilação atrial. A terapia com ablação por campo pulsado foi implementada com sucesso no atendimento a pacientes na Mayo Clinic em Rochester em fevereiro de 2024. Desde então, cardiologistas da Mayo utilizam a PFA para tratar mais de 200 pacientes com FA.

Limitações inspiraram o desenvolvimento de novas fontes de energia

“As abordagens tradicionais que usam fontes de energia térmica para tratar a FA — radiofrequência, laser, energia criogênica — possuem um risco de lesão associado a estruturas próximas, como o esôfago e o nervo frênico”, explica o Dr. Suraj Kapa, eletrofisiologista cardíaco na Mayo Clinic em Rochester, Minnesota. 

A tecnologia de PFA está em desenvolvimento há mais de 18 anos. A pesquisa pioneira da Mayo Clinic em terapia ablativa começou com outro eletrofisiologista cardíaco e inventor prolífico, o Dr. Samuel J. Asirvatham. Ele tinha um interesse crescente no desenvolvimento de novas fontes de energia que permitissem um impacto cardíaco seletivo.

“O princípio subjacente à PFA é que, dependendo da composição das membranas celulares de diferentes tipos de tecidos, certos tecidos podem apresentar diferentes limiares de energia que podem ser ‘amortecidos’ ou ablados, enquanto outros tipos de tecidos podem ser preservados”, explica o Dr. Kapa. “Através de centenas de ensaios pré-clínicos, a pesquisa sugeriu que a PFA do tecido cardíaco pode permitir uma abordagem específica para o tecido do coração, evitando lesões colaterais a estruturas como o esôfago ou o nervo frênico.” 

A pesquisa levou ao desenvolvimento de dois sistemas recentemente aprovados pelos EUA para fornecer energia de campo pulsado ao coração. O Dr. Kapa observa que ambos os cateteres são aprovados para tratar a FA na forma de isolamento da veia pulmonar e mostraram eficácia semelhante em ensaios clínicos quando comparados com a ablação por radiofrequência tradicional. 

Benefícios da ablação por campo pulsado

A PFA pode levar a procedimentos mais rápidos, reduzindo o tempo de anestesia e removendo alguns dos riscos da ablação tradicional da FA.

“Minimizar o risco e disponibilizar tratamentos potencialmente eficazes de forma mais ampla é fundamental para fornecer terapia ao maior número de pacientes”, diz o Dr. Kapa. 

Estima-se que 12,1 milhões de pessoas nos EUA serão diagnosticadas com FA até 2030 — mais do que o dobro em comparação a 2010. Globalmente, o número de pacientes diagnosticados com FA está aumentando. 

“Um número crescente de evidências apoia um controle de ritmo mais agressivo com a ablação, seja mais cedo no diagnóstico de FA de um paciente para alcançar melhores resultados a longo prazo ou no contexto de outras comorbidades, como insuficiência cardíaca, em que a ablação tem demonstrado reduzir a mortalidade”, diz o Dr. Kapa. 

Próximos passos 

A avaliação da forma como a PFA pode ser utilizada para outras arritmias, tais como arritmias ventriculares, está em andamento. Os primeiros dados pré-clínicos sugerem que a PFA pode ser superior às abordagens tradicionais atuais baseadas na energia térmica neste cenário. Olhando para o futuro, o Dr. Kapa antecipa um rápido crescimento e evolução na terapia por campo pulsado.

“No próximo ano, esperamos a introdução de pelo menos meia dúzia de cateteres e sistemas que utilizam terapia por campo pulsado, cada um oferecendo novas oportunidades de pesquisa e o potencial para fornecer um cuidado transformador e curativo para pacientes com doenças relacionadas à arritmia cardíaca.” 

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