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Alerta do especialista: À medida que os tratamentos contra os cânceres no sangue evoluem, o mesmo acontece com a jornada do paciente

ROCHESTER, Minnesota — Os tratamentos para os cânceres no sangue estão evoluindo, oferecendo mais opções às pessoas que vivem com a doença.

O Dr. Sikander Ailawadhi, oncologista e hematologista da Mayo Clinic em Jacksonville, Flórida, diz que os médicos estão identificando, monitorando e eliminando a doença mais cedo e com mais profundidade, graças às terapias medicamentosas direcionadas e aos novos tratamentos como a terapia com células CAR-T. O Dr. Ailawadhi é especialista em cânceres no sangue, particularmente em mieloma.

O câncer é uma das principais causas de morte ao redor do mundo, representando quase 10 milhões — quase 1 em cada 6 — de mortes em 2020, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Novos casos de cânceres no sangue — leucemia, linfoma e mieloma — foram responsáveis por cerca de quase 10%  de novos casos de câncer diagnosticados nos EUA em 2020.

Os tratamentos medicamentosos para os cânceres no sangue evoluíram. No passado, pacientes com mieloma recebiam dois medicamentos em sequência — conhecida como terapia sequencial com dois medicamentos. Agora, eles recebem quatro medicamentos juntos e de uma vez só, com mais pacientes entrando em remissão. Alguns tratamentos estão se tornando tão eficazes — mesmo após um transplante de células-tronco — que um subconjunto de pacientes pode ser capaz de interromper completamente seus medicamentos, explica o Dr. Ailawadhi. Estão em curso ensaios clínicos que estudam essa abordagem.

Pacientes com câncer no sangue têm mais imunoterapias disponíveis, incluindo a CAR-T, que utiliza o sistema imunológico do corpo para combater o câncer. A CAR-T envolve modificar geneticamente as células T para ativar o sistema imunológico para localizar e matar certos tipos de câncer. A Food and Drug Administration aprovou a CAR-T para certos tipos de leucemia, linfoma e mieloma múltiplo. A terapia está atualmente em ensaios clínicos como uma opção potencial para os cânceres de mama, do cérebro, do pâncreas, sarcoma e doenças reumáticas, como o lúpus.

Se os pacientes não puderem receber a terapia com células CAR-T, eles podem ser elegíveis para receber uma classe de medicamentos chamada engajadores de células T. Ao contrário da CAR-T, os engajadores de células T não precisam ser fabricados. Normalmente, os pacientes recebem os engajadores de células T durante o internamento. No entanto, na Mayo Clinic, o tratamento é ambulatorial, explica o Dr. Ailawadhi.

“Historicamente, um paciente que teve câncer por 10 anos não entrou repentinamente em remissão e permaneceu em remissão”, diz o Dr. Ailawadhi. “Agora, com essas novas opções, como a CAR-T e os engajadores de células T, mesmo os pacientes que tiveram anos de câncer estão entrando em remissão.”

Se o câncer eventualmente retornar, os pacientes poderão receber tratamentos que não estavam disponíveis quando foram diagnosticados originalmente. Há alguns anos, o Dr. Ailawadhi tratou um homem do Reino Unido com mieloma. O paciente recebeu a terapia com células CAR-T na Mayo Clinic e entrou em remissão, mas a doença voltou cerca de nove meses depois. Naquela época, novos ensaios clínicos estavam disponíveis no Reino Unido. O paciente iniciou o tratamento localmente e, no momento, está sendo monitorado pela equipe da Mayo da Florida e de Londres.

“Com esse tempo, ele conseguiu obter mais opções de tratamentos”, diz o Dr. Ailawadhi.

A sensibilidade dos testes de diagnósticos avançou, permitindo aos oncologistas saber se um paciente obteve uma resposta profunda. Os testes podem detectar uma célula cancerosa em 100.000 células normais. À medida que as técnicas evoluem, os testes podem ser capazes de detectar um em 1 milhão ou um em 10 milhões, explica o Dr. Ailawadhi. No futuro, os pesquisadores esperam construir um modelo preditivo que possa informar aos pacientes a probabilidade de alcançarem uma profundidade de resposta, entrar em remissão e interromper seus medicamentos.

Alguns pacientes também podem receber os cuidados em casa. Um subconjunto de pacientes com transplante de células-tronco chega ao hospital para três dias de tratamento e, em seguida, faz a transição para os cuidados domiciliares, diz o Dr. Ailawadhi. Os medicamentos para controlar a dor, náuseas e outros efeitos colaterais dos cânceres no sangue também evoluíram. Grandes centros podem oferecer aos pacientes recursos para cuidados paliativos, medicina para controle da dor, radiologia intervencionista, psicologia, fisioterapia, medicina física e reabilitação.

“É muito importante entender a qualidade de vida do paciente antes do câncer”, diz o Dr. Ailawadhi. “Um dos principais objetivos do tratamento é tentar aproximar o paciente o máximo possível daquela qualidade de vida anterior, enquanto trabalhamos para controlar o câncer.”

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