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A prescrição de opioides impacta a função cognitiva em adultos idosos?

ROCHESTER, Minnesota — A prescrição de opioides tem um efeito negativo na função cognitiva em adultos idosos, de acordo com um estudo recente da Mayo Clinic, publicado na revista Journal of the American Geriatrics Society. O estudo observacional baseado na população utilizou dados do estudo de envelhecimento da Mayo Clinic, uma iniciativa de pesquisa que examina o declínio cognitivo em pessoas idosas há quase 20 anos. 

A equipe de pesquisa descobriu que 70 porcento dos participantes receberam pelo menos uma prescrição de opioide durante uma média de 7,5 anos. Cada prescrição estava relacionada com declínios no desempenho cognitivo, particularmente memória, linguagem e atenção. As pessoas que receberam opioides também tiveram uma chance 20 porcento maior de desenvolver disfunção cognitiva, um estado de declínio cognitivo que vai além do envelhecimento normal.

“Essas informações são importantes para que sejam incluídas na tomada de decisões compartilhadas entre os pacientes e seus profissionais de saúde em relação a estratégias ideais de gerenciamento da dor”, afirma a médica Nafisseh Warner, anestesiologista e médica especialista em dor.

Além de suas obrigações clínicas, a Dra. Warner também está altamente engajada com a pesquisa médica. Ela recebe o apoio do National Institute of Aging e foi bolsista do Kern Health Care Delivery na Mayo Clinic Robert D. and Patricia E. Kern Center for the Science of Health Care Delivery. O programa Kern Health Care Delivery Scholars Program treina pesquisadores em nível de doutorado e jovens universitários em pesquisa de serviços de saúde.

A dor é considerada comum em adultos idosos, sendo que mais da metade dessas pessoas possui 65 anos ou mais e sente algum tipo de dor a maior parte dos dias. Os autores do estudo sugerem que, ao considerar o uso de prescrição de opioides para adultos idosos, o tratamento deve ser personalizado para cada paciente com a avaliação dos riscos e benefícios e acompanhamento clínico rigoroso.

Os pesquisadores acreditam que os resultados do estudo poderiam levar ao desenvolvimento de estratégias de tratamento mais efetivas para adultos idosos, além de ajudar a mitigar o impacto negativo da prescrição de opioides na função cognitiva.

Eles observam que os mecanismos pelos quais os opioides podem levar ao declínio cognitivo não são completamente compreendidos. A pergunta principal é se as associações observadas entre a prescrição de opioides e o declínio cognitivo demonstram relações causais ou se a prescrição de opioides é um marcador para outras condições associadas com a disfunção cognitiva.

“Esses dados, ainda que sejam convincentes, não estabelecem um vínculo causal entre a prescrição de opioides e o declínio cognitivo”, afirma a Dra. Warner. “Mas existe uma associação clara entre opioides e o declínio cognitivo a longo prazo, o que deveria estimular uma conversa ao considerar a possibilidade de começar a prescrever opioides a um adulto idoso.”

A Dra. Warner ainda afirma que qualquer decisão de tratamento deve ser feita considerando o que mais importa para o paciente, inclusive a saúde do paciente, os objetivos de vida e as preferências de cuidado.   

“Quando decidimos adotar uma terapia com opioides, é importante otimizar outros fatores que possam ser protetivos em relação ao declínio cognitivo, como o sono, a prática de exercícios e a socialização”, afirma a Dra. Warner.

Para mais informações sobre a pesquisa da Mayo Clinic, visite Discovery’s Edge.

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