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Pesquisadores da Mayo Clinic exploram abordagem personalizada para medicamentos antiobesidade

As iniciativas de medicina individualizada se concentram principalmente nas doenças raras ou no câncer. Pouco foi tentado para individualizar o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, uma doença crônica recorrente e uma causa primária de diabetes tipo 2, gordura hepática, doenças cardiovasculares e câncer. Existem muitas intervenções contra a obesidade, como dietas, dispositivos, cirurgias e medicamentos. No entanto, não se sabe muito sobre os preditores de resposta a essas intervenções contra a obesidade.

“A perda de peso duradoura com as opções de tratamento atuais continua sendo um desafio na prática clínica”, diz o Dr. Andres Acosta (Ph.D.), gastroenterologista da Mayo Clinic e especialista em obesidade. Para abordar essa questão, o Dr. Acosta e uma equipe de pesquisadores da Mayo Clinic iniciaram o estudo de medicamentos baseados em fenótipos de obesidade para o aumento da perda de peso. Um fenótipo é um conjunto de características observáveis de uma pessoa resultante da interação de seu genótipo com o ambiente. Seus resultados, publicados na revista Obesity, mostram que uma abordagem baseada em fenótipos foi associada a uma perda de peso 1,75 vezes maior após um ano; e a proporção de pacientes que perderam mais de 10% do peso em um ano foi de 79%, em comparação com 34% daqueles cujo tratamento não foi guiado pelo fenótipo.

O que são os fenótipos e por que eles são importantes? A equipe classificou a obesidade em quatro fenótipos:

Com relação ao balanço energético ― ingestão versus gasto ―, esses quatro fenótipos regulam o peso corporal.

Os principais motivadores para a ingestão são a saciedade, a duração da saciedade e a alimentação emocional. Os principais impulsionadores do gasto energético são o gasto energético em repouso, a atividade física sem exercício, o exercício e o efeito termogênico (aumento da taxa metabólica após uma refeição) da alimentação e do exercício.

“Foi essencial explicar as diferenças entre os pacientes em alguns desses componentes mensuráveis de ingestão alimentar e gasto de energia e avaliar seu potencial de individualização da terapia para a obesidade”, diz o Dr. Acosta.

A equipe teorizou que a classificação de fenótipos revelaria subgrupos e aumentaria a resposta aos medicamentos contra a obesidade.

“Nosso objetivo foi classificar os fenótipos da obesidade e avaliar a eficácia dos medicamentos antiobesidade com base em fenótipos em comparação com medicamentos não baseados em fenótipos.”

A equipe da Mayo conduziu um ensaio clínico durante um ano em um centro de controle de peso, onde 312 pacientes foram aleatoriamente designados para tratamento com base ou não em fenótipos, incluindo medicamentos antiobesidade.

Na era da medicina individualizada, a estratificação e abordagem de tratamento baseadas em fenótipos propostas, além dos resultados positivos relatados em estudos randomizados anteriores, representam um passo em direção a uma abordagem de medicina de precisão para otimizar a terapia da obesidade.

“Os fenótipos biológicos e comportamentais esclarecem as complexidades da obesidade humana e podem ser tratados com medicamentos direcionados para aumentar a perda de peso”, disse o Dr. Acosta. “Nosso objetivo no longo prazo é desenvolver uma abordagem personalizada para identificar o medicamento certo para o paciente certo, minimizando os efeitos colaterais do controle da obesidade.”

A pesquisa do Dr. Acosta abrange muitas áreas essenciais da medicina individualizada. Sua equipe aplica os princípios da farmacogenômica (como os medicamentos interagem com os genes) na obesidade para entender melhor como a doença se desenvolve, reduzir as inconsistências de tratamento e diminuir os efeitos colaterais dos tratamentos. O objetivo do Dr. Acosta é estratificar a obesidade para apoiar o desenvolvimento de medicamentos personalizados, mais seguros e eficazes no tratamento da obesidade.

O Dr. Acosta recebeu o Prêmio de Desenvolvimento da Fundação Gerstner, do Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic. O prêmio financiou parcialmente este estudo.