JACKSONVILLE, Flórida – A Mayo Clinic está buscando a medicina regenerativa como uma solução em potencial a longo prazo para a doença degenerativa do disco que, há anos, não é contemplada pela ciência médica. Milhões de pessoas ao redor do mundo são afetadas por dores crônicas no pescoço e nas costas causadas por anos de desgaste na coluna vertebral. Os tratamentos atuais proporcionam apenas um alívio temporário para essa doença comum e encontrar uma cura tem sido um desafio para os pesquisadores.
Wenchun Qu, médico, Ph.D., fisiatra e especialista em dor na Mayo Clinic em Jacksonville, Flórida, e diretor de medicina regenerativa da dor no Centro de Medicina Regenerativa da Mayo Clinic, defende a hipótese de que as respostas terapêuticas para a doença degenerativa do disco estejam escondidas em células-tronco mesenquimais. Essas células-tronco adultas estão sendo detalhadamente estudadas e demonstram ser seguras em humanos.
“O meu estudo em modelos pré-clínicos demonstrou que as células-tronco mesenquimais são muito eficazes no tratamento da doença degenerativa do disco em animais. Fizemos avanços para testar as células-tronco mesenquimais em grandes ensaios clínicos de fase três, em colaboração com patrocinadores da indústria, e estamos aguardando a liberação do resultado”, afirma o Dr. Qu. “Atualmente, estamos desenvolvendo a próxima geração de células-tronco mesenquimais que apresentam um potencial mais significativo para o tratamento da doença degenerativa do disco.”
O Centro de Medicina Regenerativa da Mayo Clinic apoia as pesquisas que promovem o avanço de novas bioterapias regenerativas para a prática visando satisfazer as necessidades não atendidas do paciente. A fundação Connor Group Kids and Community Partners também apoiou a pesquisa do Dr. Qu.
Os discos vertebrais são flexíveis como se fossem blocos semelhantes a borracha feitos de colágeno e proteínas que fornecem amortecimento entre os ossos na vértebra. Eles fornecem a flexibilidade para a coluna vertebral. Conforme as pessoas vão envelhecendo, os discos podem romper, desencadeando uma inflamação que diminui as moléculas de água. A perda de água provoca uma maior deterioração que, com o passar do tempo, pode levar a um colapso do disco.
As pessoas com doença degenerativa do disco podem sofrer dores agudas, rigidez e problemas de mobilidade. E isso pode gerar problemas de qualidade de vida, como interrupção do trabalho, perda de funções e restrições em atividades que às vezes afetam toda a família.
Como os discos vertebrais não recebem sangue, eles não podem ser curados ou regenerados. Muitos tratamentos procuraram aliviar os sintomas dolorosos da deterioração da coluna vertebral, incluindo as injeções intradiscais, para controlar a inflamação, e a terapia eletrotérmica que envia impulsos elétricos para os nervos debilitados que carregam sinais de dor.
“Com o passar do tempo, os dados de acompanhamento dos pacientes demonstraram que esses tratamentos não são melhores do que placebo e foram abandonados,” afirma o Dr. Qu. Quando outros tratamentos falham, os pacientes geralmente escolhem a cirurgia para a fusão dos ossos onde o disco falhou. Contudo, a cirurgia de fusão espinhal pode não proporcionar o alívio da dor a longo prazo.
A hipótese do Dr. Qu é que as células-tronco mesenquimais poderiam oferecer uma nova alternativa para reduzir a inflamação, aliviar a dor e restaurar os discos vertebrais. Ele está aplicando a sua pesquisa em um serviço de medicina regenerativa que começou na Mayo Clinic, em Rochester, Minnesota, e que recentemente foi introduzido na Mayo Clinic na Flórida.
“Acreditamos que as células-tronco mesenquimais diminuem a perda de moléculas de água do disco espinhal lesionado por meio do controle do processo inflamatório no disco. Se houver menos inflamação, a pessoa deve sentir menos dor”, afirma o Dr. Qu. “As células-tronco mesenquimais oferecem fatores de crescimento e regeneração de tecido que estimulam a produção de células de disco saudáveis.”
Trabalhando com o Departamento de Medicina da Dor na Mayo Clinic, na Flórida, o Dr. Qu está oferecendo duas opções regenerativas para os pacientes com dores nas costas e no pescoço. O concentrado aspirado de medula óssea (também conhecido como BMAC) é um procedimento no qual as células-tronco com fatores de crescimento obtidas a partir da medula óssea do próprio paciente são injetadas nas articulações afetadas. Um segundo procedimento é o plasma rico em plaquetas (conhecido como PRP), no qual as plaquetas são obtidas a partir do próprio sangue de uma pessoa e injetadas nas articulações afetadas. Em alguns casos, ele combinará os dois procedimentos, injetando o concentrado aspirado de medula óssea e prosseguindo com o plasma rico em plaquetas. Por vezes, meses depois, uma injeção de reforço de plasma rico em plaquetas é usada em casos selecionados.
“Observamos resultados promissores em termos de alívio da dor e ganhos funcionais nos pacientes com a doença degenerativa do disco,” afirma o Dr. Qu. “A nossa experiência não demonstra efeitos colaterais significativos e continuamos a acompanhar os pacientes em relação a suas dores e resposta funcional a esses procedimentos.”
Os procedimentos estão sendo conduzidos de acordo com as diretrizes da Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos EUA (Food and Drug Administration, FDA) para segurança e os pacientes estão sendo monitorados de perto. Em virtude de o FDA considerar o concentrado aspirado de medula óssea e o plasma rico em plaquetas serem experimentais, o seguro geralmente não oferece cobertura.
Dr. Qu diz que é necessário haver pesquisas complementares para confirmar as suas hipóteses e que também é necessário construir um banco de dados de respostas para as terapias celulares para a doença degenerativa do disco.
Ele está liderando outras pesquisas em medicina regenerativa para investigar a segurança, a viabilidade e a eficácia do uso de células-tronco mesenquimais derivadas da medula óssea para tratar a osteoartrite da coluna vertebral. Essa pesquisa é apoiada por uma doação oferecida pelo The Louis V. Gerstner, Jr. Fund at Vanguard Charitable e pela generosa iniciativa filantrópica de Jeff e Mary Werbalowsky.
A pesquisa do Dr. Qu é aprovada pelo FDA como uma investigação de um novo medicamento. Pode levar alguns anos até que tudo seja totalmente testado e uma decisão do FDA seja tomada sobre a aprovação para uso no cuidado diário de pacientes.
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JORNALISTAS: o Dr. Qu está disponível para entrevistas em inglês e mandarim.