A manipulação genética do nível de proteínas em células de câncer do cólon pode aumentar a eficácia da quimioterapia, segundo um estudo da Mayo Clinic

ROCHESTER, Minnessota. — Os resultados do câncer colorretal podem ser aprimorados por meio da alteração de uma proteína imunorreguladora nas células cancerígenas, tornando essas células mais vulneráveis à quimioterapia. Isso de acordo com uma nova pesquisa da Mayo Clinic.

Os achados, publicados este mês na Oncogene, indicam que o aumento da expressão da proteína PD-L1 em células do câncer colorretal pode melhorar a eficácia da quimioterapia.

“Esses achados, se verificados por pesquisas subsequentes, sugerem que o nível de PD-L1 nas células tumorais pode ser importante na sensibilidade aos medicamentos e que o aumento da expressão de PD-L1 pode ser uma estratégia em potencial para melhorar os resultados do tratamento dessa enfermidade”, diz Frank Sinicrope, M.D., oncologista e gastroenterologista da Mayo Clinic. O Dr. Sinicrope é codiretor do Programa de Câncer Gastrointestinal da Mayo Clinic e autor do estudo.

A PD-L1 é uma imunoproteína de ponto de verificação que interage com outra proteína, a PD-1, para afetar negativamente as funções celulares e permitir que as células tumorais se esquivem do sistema imunológico do corpo. Pesquisas mostram que interromper a interação entre a PD-L1 e a PD-1 pode reforçar os ataques à imunidade antitumoral.

No entanto, o estudo da Mayo Clinic descreve outra função da PD-L1: seu efeito nas proteínas que regulam a morte das células tumorais. A exclusão do gene da PD-L1 suprimiu duas proteínas que estão associadas ao aumento da morte de células induzida por quimioterapia. Em contraste, a restauração da expressão da PD-L1 inverteu a supressão dessas proteínas.

“O nosso objetivo era determinar a relevância dos nossos achados para a PD-L1 em pacientes com câncer colorretal”, disse o Dr. Sinicrope. “Para tanto, utilizamos o banco de dados do Atlas do Genoma do Câncer do National Cancer Institute (Instituto Nacional do Câncer dos EUA) para examinar a associação entre a expressão da PD-L1 e a sobrevivência de pacientes com câncer de cólon.”

O estudo revelou que uma expressão maior de PD-L1 em células tumorais estava associada a uma maior taxa de sobrevivência entre os pacientes para os quais a quimioterapia era esperada, sendo o tratamento padrão para pacientes com câncer nos estágios 3 e 4, segundo o Dr. Sinicrope.

“Isso sugere um papel mais amplo que a PD-L1 desempenha como um possível biomarcador preditivo de como os pacientes reagirão ao tratamento do câncer, embora seja necessário pesquisar mais a fundo para abordar essa questão”, afirmou.

O estudo também descobriu que o oncogene BRAF, um gene capaz de transformar uma célula em célula cancerígena, pode regular a expressão da PD-L1. Quando o oncogene BRAF sofre uma mutação, ele pode aumentar a expressão de PD-L1 em células do câncer colorretal, de acordo com o estudo.

“As terapias atuais que têm a PD-L1 como alvo focam-se principalmente em bloquear ou interromper sua função nas células tumorais”, afirma Haidong Dong, M.D., Ph.D., imunologista de tumores da Mayo Clinic e coautor do estudo. “Essa obra sugere que o aumento da expressão de PD-L1 em células tumorais pode promover a eficácia da quimioterapia, pelo menos para o câncer de cólon. É uma descoberta inovadora que, se validada por meio de ensaios clínicos, traria mais benefícios aos pacientes com câncer de cólon resistente à quimioterapia atual.”

O estudo, realizado por pesquisadores da Mayo Clinic em Rochester e da Mayo Clinic na Flórida, foi apoiado em parte por uma bolsa do National Cancer Institute. O coautor Daofu Feng, M.D., foi apoiado pelo Programa de Treinamento em Pesquisa Científica para Jovens Talentos do Hospital Geral da Universidade Médica de Tianjin, na China. A coautora Lei Sun foi apoiada pelo Segundo Hospital Afiliado da Universidade Médica de Guangzhou, na China.

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